Tempo e silêncio

Como pode me fazer tão bem quanto mal? Recordar você me dá paz, me faz sonhar, me faz querer viver. No entanto, tudo desmorona quando vejo a realidade: os laços cortados, o silêncio aterrorizante e a ausência, que na verdade é sua presença em mim em cada respirar, cada sonhar, cada amanhecer. Teu sorriso ainda ilumina meu dia, sim, a lembrança dele é tão viva em mim que não há como não iluminar. Tua pele ainda arrepia a minha pele. Tudo que vem de ti me faz estremecer. E fico a pensar, a sonhar, a repetir a mim mesmo: não perca esperança, mantenha o foco. E a vida segue. No ritmo da dança. No tocar dos instrumentos. No andar do casal. Eu? Eu fico à sonhar, fico a pensar em você. Enquanto isso, Sandy insiste em me lembrar:

Não me escondo do medo
de não me reerguer do silêncio
de uma vida sem você
de tudo que faltou ser.

Silêncio. Tudo se cala ao meu redor. Que horas são? Duas, três da manhã? O que importa? Há tanto silêncio lá fora que aqui, dentro em mim, ouço sua voz, do outro lado da linha, a cantar uma canção. Pelo tom da voz, percebo que cantas e sorri. Minha alma se aquieta. É como se estivesses aqui, ao meu lado. Adormeço com a sensação de que acaricias meu cabelo. Pegar no sono pensando em você. Você é meu primeiro pensamento ao acordar e meu último pensamento ao dormir. Você toma conta de meu respirar, dos meus planos, dos meus sonhos. Haveria solução para tão entregue coração? Só o tempo irá dizer.

Tempo. Dizem que ele é o vilão, outros, que é o mocinho. Quanto tempo temos? Todo tempo é suficiente? Não vejo, não ouço, não leio nada que me dê uma resposta. Só resta aguardar, esperar, deixar o tempo correr. Como é cansativa a espera. Como é angustiante. Mas ainda assim espero. Pois esperar é o que prometemos. Esperar é esperança. Esperança é o que mais tenho de um dia ver despertar, do íntimo de minha alma, o sorriso que tenho guardado única e exclusivamente para você.

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